Autres Bresils -Homenagem a Marielle Franco

Segunda-feira, 13 de março, das 19h às 20h30.

Homenagem a Marielle Franco – 5 anos após seu assassinato: uma luta que ainda ressoa.
Encontro/debate e exibição de um trecho do filme “Seeds: black women in power”

Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco , nascida em 1979 no Rio de Janeiro, foi assassinada no dia 14 de março de 2018 . Socióloga, política e feminista de direitos humanos e ativista LGBT, das favelas, seu assassinato permanece impune até hoje. Ela foi vereadora do Rio de Janeiro, como representante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de janeiro de 2017 até seu assassinato.

Sua irmã, Anielle Franco, recém-nomeada Ministra da Igualdade Racial pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), estará presente por videoconferência no encontro que permitirá discutir a situação da investigação cinco anos depois e as ressonâncias atuais de sua luta . Marielle deu início a uma verdadeira luta contra a discriminação e as milícias que assolam o Brasil e, mais particularmente, o Rio de Janeiro.

A Inscrição gratuita e obrigatória:

https://www.eventbrite.fr/e/billets-hommage-a-marielle-franco-un-combat-qui-resonne-toujours-558778159517

Repercussão

O assassinato dela motivou reações nacionais e internacionais, como a organização de diversos protestos em todo o território brasileiro[29][35][36][37] e oposição de parte dos eurodeputados à negociação econômica entre União Europeia e Mercosul.[38]

O então presidente Michel Temer afirmou que o crime era “inaceitável” e que “não ficaria impune”, enquanto a Câmara dos Deputados realizou sessão solene em sua homenagem, bem como todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) proferiram discursos de pesar.[39][40][41]

De outro lado, figuras públicas ligadas à direita e a extrema-direita brasileira, como os jornalistas Reinaldo Azevedo[42] e Augusto Nunes,[43] acusaram a esquerda de explorar politicamente o assassinato de Marielle.[44] Em Salvador, durante o Fórum Social MundialDilma Roussef chegou a afirmar que o assassinato “fez parte de um dos atos deste golpe que desencadearam no Brasil”.[45]

Em acréscimo, pessoas e grupos representativos da direita, como o Movimento Brasil Livre e o deputado Alberto Fraga (DEM), publicaram mensagens caluniosas nas redes sociais que afirmavam que Marielle, teria uma suposta ligação com traficantes.[46][47][48][49] Nas semanas seguintes, o poder judiciário, por meio de sentenças proferidas por magistrados distintos, sob pena de ter de pagar indenizações, determinou a remoção de publicações do MBL contendo conteúdo calunioso ou falso sobre Franco no Facebook e no YouTube.[50][51][46]

Investigação

A principal linha de investigação das autoridades competentes é que seu assassinato se tratou de uma execução, embora não descartem outros potenciais motivos.[52] No entanto, segundo investigações a respeito da direção dos tiros e sobre o fato de haver um outro carro dando possível cobertura aos atiradores, a hipótese de um crime premeditado se fortalece.[53][54] Além do fato que haver dois carros clonados no Rio de Janeiro na noite do assassinato, um deles era o Cobalt prata do qual foram feitos os disparos que tiraram a vida de Marielle e o motorista Anderson Gomes.[55][56] De acordo com a Human Rights Watch, o assassinato dela relacionou-se à “impunidade existente no Rio de Janeiro” e ao “sistema de segurança falido” do estado.[57]

Em agosto de 2018 a polícia passou a investigar o possível envolvimento da milícia chamada Escritório do Crime no caso.[58][59][60] Em 12 de março de 2019, a Polícia Civil prendeu um ex-policial militar e um policial militar reformado acusados de terem assassinado a vereadora e seu motorista. De acordo com a Polícia, o policial reformado Ronnie Lessa atirou contra a vereadora e o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz dirigia o carro que perseguia Marielle.[61]

Em 28 de julho de 2021, o miliciano Almir Rogério Gomes da Silva foi preso, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle, de acordo com o depoimento de Júlia Lotufo, a viúva de Adriano da Nóbrega.[62][63][62]

Legado

Em março de 2018, recebeu postumamente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) a Medalha Tiradentes por seu trabalho em “ações de justiça social, promoção da cidadania, valorização da mulher e da comunidade negra, combate à pobreza e à violência nas favelas, promoção da saúde da mulher e da população LGBT e fim dos crimes por motivações raciais e sexuais.”[64] Em julho de 2018, a ALERJ também aprovou a Lei 8054/2018 que consolidou 14 de março ao Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro como o “Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra“.[65]

Em novembro de 2018, a Anistia Internacional incluiu o nome de Franco em sua campanha para aqueles que escreveram pelos direitos humanos e perderam suas vidas,[66] enquanto que em dezembro do mesmo ano um tributo online listou Franco entre mais de 400 principais defensores dos direitos das mulheres pela Associação para os Direitos da Mulher no Desenvolvimento.[67]

Uma oficina de arte digital foi realizada em NairóbiQuênia, intitulada “Retratos de Marielle: Criando Pontes entre o Quênia e o Brasil” com a participação de jovens artistas quenianos, sendo que as obras foram exibidas no Museu da Maré no Rio de Janeiro em 10 de novembro de 2018.[68]

Em março de 2019, Marielle foi postumamente agraciada pelo Congresso Nacional do Brasil com o Diploma Bertha Lutz, concedidos a mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil.[69] No mesmo mês, o auditório II do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebeu o nome de Marielle Franco.[70]

Estátua de Marielle Franco no Buraco do Lume, no Rio de Janeiro.

Marielle também foi homenageada pela escolas de samba Vai-Vai e Estação Primeira de Mangueira durante os desfiles do Carnaval de São Paulo e do Carnaval do Rio de Janeiro de 2019, respectivamente.[71][72] Em setembro de 2019, a cidade de Paris, na França, inaugurou um jardim suspenso de 2,6 mil m² e mais de 70 árvores em homenagem a Marielle Franco no 10° distrito da cidade.[73]

Uma série de documentos intitulada Marielle – O Documentário foi lançada pela Globoplay em 13 de março de 2020.[74] A versão 19 do antiX, uma distribuição Linux baseada no Debian Stable, leva o nome de Marielle Franco.[75] A editora Contracorrente também passou a promover, em 2020, o Prêmio Marielle Franco de Ensaios Feministas, cujo objetivo é reverenciar a memória e a luta da ex-vereadora por meio do incentivo ao pensamento feminista.[76]

Em 14 de março de 2021, foi inaugurada a placa em homenagem à Marielle Franco na Praça Floriano, a Cinelândia, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.[77]

No dia 27 de julho de 2022, foi inaugurada uma estátua de Marielle Franco no Buraco do Lume, praça do Centro da cidade do Rio de Janeiro, considerada ponto tradicional de manifestação política dos partidos de esquerda, tendo sido bastante frequentada por Marielle em vida. A estátua, de autoria de Edgar Duvivier, foi custeada através de um financiamento coletivo organizado pelo Instituto Marielle Franco, e contou com o apoio de 640 pessoas.[78]

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